Jeremias


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mensagem Alvorada Alternativa - 15.02.2011 - 06:00

             A VIDA É UM ESPELHO

Ele quase não viu a senhora, com o carro parado no acostamento.  
Chovia forte e já era noite.
Mas, percebeu que ela precisava de ajuda.
Assim parou seu carro e se aproximou.
O carro dela cheirava a tinta, de tão novinho.
Mesmo com o sorriso que ele estampava na face, ela ficou preocupada.
Ninguém tinha parado para ajudar.
Ele iria aprontar alguma?
Ele não parecia seguro, parecia pobre e faminto.
Ele pôde ver que ela estava com muito medo e disse:
– Eu estou aqui para ajudar madame, não se preocupe.
Por que não espera no carro onde está quentinho?
A propósito, meu nome é Rodrigo.
Bem, tudo que ela tinha era um pneu furado, mas, para uma senhora de idade avançada era ruim o bastante.
Rodrigo abaixou-se, colocou o macaco e levantou o carro.
Ele já estava trocando o pneu.
Mas, ficou um tanto sujo e feriu uma das mãos.
Enquanto fixava a roda ela abriu a janela e começou a conver- sar com ele.
Contou que era de São Paulo e que só estava de passa- gem por ali e que não sabia como agradecer pela preciosa ajuda. Rodrigo apenas sorriu enquanto se levantava.
Ela perguntou quanto devia.
Qualquer quantia teria sido muito pouco para ela.
Já tinha imaginado todos as terríveis coisas que poderiam ter acontecido, se Rodrigo não tivesse parado e ajudado. Rodrigo não pensava em dinheiro, aquilo não era um trabalho para ele.
Gostava de ajudar quando alguém tinha necessidade e Deus já lhe havia ajudado bastante.
Este era seu modo de viver e nunca lhe ocorreu agir de outro modo.
E respondeu:
– Se realmente quiser me pagar, da próxima vez que encontrar alguém que precise de ajuda, dê para aquela pessoa a ajuda de que ela precisar.
E acrescentou: e lembre-se de mim. Esperou até que ela saísse com o carro e também se foi.
Tinha sido um dia frio e deprimente, mas, ele se sentia bem, indo para casa, desaparecendo no crepúsculo.
Alguns quilômetros abaixo, a senhora parou seu carro num pequeno restaurante e entrou para comer alguma coisa.
Era um restaurante muito simples.
A garçonete veio até ela e trouxe-lhe uma toalha limpa para que pudesse esfregar e secar o cabelo molhado e lhe dirigiu um doce sorriso, um sorriso que mesmo os pés doendo por um dia inteiro de trabalho, não pode apagar.
A senhora notou que a garçonete estava com oito meses de gravidez, mas, ela não deixou a tensão e as dores mudarem a sua atitude.
Ela ficou curiosa em saber como alguém que tinha tão pouco, podia tratar tão bem a um estranho.
Então, lembrou-se de Rodrigo.
Depois que terminou a sua refeição, enquanto a garçonete bus- cava troco para a nota de cem reais, a senhora se retirou. Já tinha partido quando a garçonete voltou.
Ela queria saber onde a senhora poderia ter ido, quando notou algo escrito no guardanapo, sob o qual tinha mais quatro notas de cem reais.
Existiam lágrimas em seus olhos quando leu o que a senhora escreveu.
Dizia:
– Você não me deve nada, eu já tenho o bastante.
Alguém me ajudou hoje e da mesma forma estou lhe ajudando.
Se você realmente quiser me reembolsar por este dinheiro, não deixe este círculo de amor terminar com você, ajude alguém. Bem, haviam mesas para limpar, açucareiros para encher, e pessoas para servir, e a garçonete voltou ao trabalho. Aquela noite, quando foi para casa cansada e deitou-se na ca- ma, seu marido já estava dormindo e ela ficou pensando no dinheiro e no que a senhora deixou escrito.
Como pôde aquela senhora saber o quanto ela e o marido precisavam disto?
Com o bebê que estava para nascer no próximo mês, como estava difícil!
Ficou pensando na bênção que havia recebido, deu um grande sorriso, agradeceu a Deus e virou-se para o preocupado marido que dormia ao lado, deu-lhe um beijo macio e sussurrou:
– Tudo ficará bem; eu te amo Rodrigo!
A vida é assim, um espelho.
Tudo o que você transmite volta para você, e geralmente em dobro.
“Se os seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo. Agora, construa os alicerces.” (William Shakespeare)